Entre a lei e o mistério, O Natal de José, Homem certo. E por que não “co-redentor”? – Entre a lei e o mistério: o Natal de José, um homem justo. E por que não “co-redentor”? – O Natal de José, homem justo. E por que não “co-redentor”?
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ENTRE A LEI E O MISTÉRIO, O NATAL DE GIUSEPPE, HOMEM CERTO. E POR QUE NÃO “CORREDENTOR”?
Sem Giuseppe, a Encarnação permaneceria um evento suspenso, sem raízes legais. Em vez, pela sua fé e pela sua justiça, a Palavra entra não apenas na carne, mas na lei, em genealogia, na história concreta de um povo. Isto é o que torna o Natal um evento verdadeiramente corporificado, não é uma simples sucessão de imagens edificantes, entre anjos cantores, um boi e um burro reduzidos a espetaculares aquecedores circundantes e pastores que vêm correndo alegres.
- Notícias da Igreja -
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No palco de Natal o cenário fica lotado. Há Maria, que a piedade cristã coloca no centro juntamente com o Menino, os anjos cantando, os pastores que vêm correndo.

Alguns roteiristas ele até decidiu incluir dois sistemas rudimentares de aquecimento ecológico no conjunto, um boi e um burro, retratados pela iconografia como criaturas mais fiéis que os homens, o que talvez eles realmente fossem. Obviamente é um roteiro - para usar uma expressão emprestada da linguagem teatral clássica - muito livremente inspirado nos Evangelhos canônicos., em que, no entanto, não há vestígios dessas presenças animais; no mínimo, eles podem ser encontrados em algum evangelho apócrifo, começando pelo pseudo-Mateus.
Os vários roteiristas e figurinistas eles trouxeram tudo para o primeiro plano no set de Aniversário, exceto aquele sem quem, histórica e concretamente, O Natal nunca aconteceria: Giuseppe.
Na devoção popular Giuseppe é muitas vezes reduzido a uma presença marginal, quase decorativo. Transformado em imagens piedosas em um velho cansado, tranquilizador, inofensivo, como se sua função não fosse perturbar o mistério, de não ter peso, de realmente não contar. Mas esta imagem, construída para defender uma verdade de fé - a virgindade de Maria - acabou por ofuscar outra, igualmente fundamental: sua verdadeira responsabilidade, concreto e dramático no caso da Encarnação.
O Evangelho de Mateus apresenta-o com uma qualificação sóbria e juridicamente densa:
«José, seu marido, que estava certo e ele não queria repudiá-la, decidiu demiti-la em segredo" (MT 1,19).
Não há insistência em qualidades morais genéricas, nem em atitudes internas. A categoria decisiva é a justiça. E justiça, na história do Evangelho, Não é uma explosão emocional, mas um critério operacional que se traduz numa escolha concreta.
Ele soube da gravidez de Maria, ele se vê diante de uma situação que não entende, mas que por isso mesmo não pode escapar e que, em vez de, deve enfrentar com sábia clareza. A lei lhe ofereceria uma solução clara, publicamente reconhecido e socialmente honrado: o repúdio. É uma possibilidade prevista pelo ordenamento jurídico da época e não implicaria qualquer culpa formal (cf.. Dt 24,1-4). Porém, Giuseppe não a contrata, porque a sua justiça não termina na observância literal da norma, mas é medido na proteção da pessoa.
A decisão de demitir Maria em segredo não é um gesto sentimental nem uma solução conveniente. É um ato deliberado, o que implica um custo pessoal preciso: exposição a suspeitas e perda de reputação. José aceita este risco porque a sua justiça não visa o que normalmente se chama de defesa da honra pessoal., mas sim para salvaguardar a vida e a dignidade das mulheres. Nesse sentido, ele não duvida de Maria. O texto evangélico não revela qualquer suspeita moral em relação à jovem noiva (cf.. MT 1,18-19). O problema não é a confiança, mas a compreensão de um evento que excede as categorias disponíveis. Isso coloca Joseph em um verdadeiro estado de turbulência, totalmente humano, o que, no entanto, não se traduz em dúvida sobre Maria.
É de fundamental importância observar que esta escolha precede o sonho, em que o Anjo do Senhor revela a José a origem divina da maternidade de Maria e o convida a acolhê-la consigo como sua noiva, confiando-lhe a tarefa de nomear a Criança (cf.. MT 1,20-21). A intervenção do anjo não orienta a decisão de José, mas ele assume e confirma. A revelação não substitui o julgamento humano, nem o anula: cabe nisso. Deus fala com José para não salvá-lo do risco, mas porque o risco já foi aceito em nome da justiça: quando sua liberdade é chamada a escolher, ele não faz uso da Lei Mosaica, à qual poderia legitimamente apelar, mas ele decide agir com amor e confiança para com Maria, mesmo sem compreender totalmente o acontecimento que o envolve. Só depois desta decisão o mistério é esclarecido e nomeado:
«Giuseppe, filho de David, não tenha medo de levar Maria com você, sua esposa" (MT 1,20).
Acolhendo Maria como sua noiva, Joseph não realiza um ato privado: assume responsabilidade pública e legal, reconhecer como seu o filho que Maria traz no ventre. É este gesto – e não um sentimento interno – que introduz Jesus na história concreta de Israel. Através de José, o Filho entra legalmente na linhagem de David, como atestado pela genealogia de Mateus que precede imediatamente a história da infância.
A paternidade de Giuseppe não é biológica, precisamente por isso não é simbólico nem secundário, mas real no sentido mais estrito do termo. É paternidade legal, histórico, social. É José quem dá o nome ao Menino, e é justamente na imposição do nome que ele exerce sua autoridade de pai. A ordem do anjo é explícita: «Você o chamará de Jesus» (MT 1,21). No mundo bíblico, impor o nome não é um ato formal, mas a assunção de uma responsabilidade permanente. Com este gesto garante a identidade e a posição histórica do Filho.
Sem ele, a Encarnação permaneceria um evento suspenso, sem raízes legais. Em vez, pela sua fé e pela sua justiça, a Palavra entra não apenas na carne, mas na lei, em genealogia, na história concreta de um povo. Isto é o que torna o Natal um evento verdadeiramente corporificado, não é uma simples sucessão de imagens edificantes, entre anjos cantores, um boi e um burro reduzidos a espetaculares aquecedores circundantes e pastores que vêm correndo alegres.
Tudo isso torna teologicamente correto afirmar que Joseph, o homem há muito colocado na sombra prudente - e talvez até injusta -, ele é a figura através da qual o mistério do Natal ganha consistência histórica e jurídica. É por meio dele que o Verbo de Deus encarnado entra na Lei, para não sofrer, mas para realizá-lo. Na verdade, não é por acaso que, mais de trinta anos depois,, durante sua pregação, Jesus afirmou com palavras de absoluta clareza:
«Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; Eu não vim para abolir, mas para cumprir" (MT 5,17).
Quando ele então anuncia que esse cumprimento é ele mesmo e que - como dirá o apóstolo Paulo - o plano de "recapitular todas as coisas em Cristo se realiza nele, que estão nos céus e as coisas na terra " (Ef 1,10), a sombra da cruz já começará a ser vislumbrada, enquanto eles tentarão apedrejá-lo: «Porque você, que você é um homem, você se faz Deus" (GV 10,33). A sombra da cruz aparecerá ainda mais definida no gesto do Sumo Sacerdote que rasgará as vestes ao ouvi-lo proclamar-se Filho de Deus (cf.. MT 26,65), representação plástica do fato de que o cumprimento da Lei passa agora pela recusa e pelo sacrifício.
A Palavra de Deus encarna-se através do sim de Maria, mas isso é historicamente guardado e protegido por Joseph, aquele que protegeu e guardou, junto com sua esposa, o unigênito Filho de Deus. Não em um sentido simbólico ou devocional, mas no sentido concreto e real da história: protegendo Maria, ele protegeu o Filho; protegendo o filho, preservou o próprio mistério do Natal:
«E o Verbo se fez carne e veio habitar entre nós» (GV 1,14).
E essa, sem nenhum teólogo dos sonhos, a pasta Nesury e o Fideísta Neson — aqueles, para ser entendido, que batem os pés pela "Maria corredentora" - alguma vez lhes ocorreu reivindicar, também para o Santíssimo Patriarca José, o título de co-redentor, igualmente devido e merecido, se você realmente queria brincar de fantasia dogmática ao máximo, depois de ter perdido completamente a bússola diária, o antigo e o novo.
Da ilha de Patmos, 24 dezembro 2025
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ENTRE A LEI E O MISTÉRIO: O NATAL DE JOSÉ, UM HOMEM JUSTO. E POR QUE NÃO “CO-RESDENTOR”?
Sem José, a Encarnação permaneceria um evento suspenso, sem enraizamento jurídico. Em vez de, pela sua fé e pela sua justiça, a Palavra entra não apenas na carne, mas na lei, em genealogia, na história concreta de um povo. Isto é o que faz do Natal um evento verdadeiramente encarnado, não uma mera sucessão de imagens edificantes, com anjos cantando, um boi e um burro reduzidos a dispositivos de aquecimento cênicos, e pastores apressando-se alegremente para o local.
— Atualidade eclesial —

Autor
Ariel S. Levi di Gualdo.
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No palco do Natal o cenário fica lotado. Há Maria, que a piedade cristã coloca no centro juntamente com o Menino; há os anjos que cantam e os pastores que correm para o local. Algum roteirista chegou a decidir incluir no set duas formas rudimentares de aquecimento ecológico — um boi e um burro — retratados pela iconografia como criaturas mais fiéis que os homens, o que talvez eles realmente fossem. Claramente, este é um roteiro – para usar um termo emprestado da linguagem teatral clássica – muito livremente inspirado nos Evangelhos canônicos, em que, no entanto, não há nenhum vestígio dessas presenças animais; eles podem ser encontrados em certos textos apócrifos, começando com o Evangelho de Pseudo-Mateus.
Por isso, os vários roteiristas e figurinistas trouxeram tudo para o primeiro plano no set de Dies Natalis, exceto aquele sem quem, histórica e concretamente, O Natal nunca teria acontecido: Joseph.
Na devoção popular, José é muitas vezes reduzido a um marginal, presença quase decorativa. Ele é transformado em imagens piedosas em um cansado, tranquilizador, velho inofensivo, como se seu papel fosse apenas não perturbar o mistério, não carregar nenhum peso real, contar para nada. Ainda esta imagem, construída para salvaguardar uma verdade de fé — a virgindade de Maria — acabou por obscurecer outra verdade, não menos fundamental: seu verdadeiro, responsabilidade concreta e dramática no caso da Encarnação.
O Evangelho de Mateus apresenta-lhe uma qualificação sóbria e juridicamente importante:
“José, o marido dela, sendo um homem justo e não querendo expô-la à vergonha, decidi dispensá-la discretamente” (MT 1:19).
Não há insistência em qualidades morais genéricas, nem nas atitudes interiores. A categoria decisiva é a justiça. E justiça, na narrativa do Evangelho, não é um impulso emocional, mas um critério operativo que se concretiza numa decisão concreta.
Ao saber da gravidez de Maria, ele se vê diante de uma situação que não entende, e precisamente por esta razão não pode fugir, mas deve, em vez disso, confrontar-se com a sabedoria lúcida. A Lei teria lhe oferecido uma clara, solução publicamente reconhecida e socialmente honrosa: repúdio. Esta era uma possibilidade prevista no ordenamento jurídico da época e não implicaria qualquer culpa formal. (cf. Dt 24:1–4). No entanto, José não se aproveita disso, porque a sua justiça não se esgota na observância literal da norma, mas é medido pela salvaguarda da pessoa.
A decisão de demitir Mary silenciosamente não é um gesto sentimental nem um compromisso conveniente. É um ato deliberado que acarreta um custo pessoal preciso: exposição à suspeita e perda de reputação. Joseph aceita esse risco porque sua justiça não é direcionada ao que geralmente é descrito como a defesa da honra pessoal., mas em direção à proteção da vida e da dignidade da mulher. Nesse sentido, ele não duvida de Maria. O texto do Evangelho não permite nenhum indício de suspeita moral em relação à jovem noiva (cf. MT 1:18–19). O problema não é a confiança, mas a compreensão de um evento que excede as categorias disponíveis. Isto coloca José numa condição de real, turbulência totalmente humana, o que, no entanto, não se traduz em dúvida sobre Maria.
É de fundamental importância observar que esta decisão precede o sonho, em que o anjo do Senhor revela a José a origem divina da maternidade de Maria e o convida a tomá-la como esposa, confiando-lhe a tarefa de impor o nome ao Menino (cf. MT 1:20–21). A intervenção angélica não direciona a decisão de José, mas antes assume e confirma. A revelação não substitui o julgamento humano, nem o anula: está enxertado nele. Deus fala com José não para poupá-lo do risco, mas porque o risco já foi aceito em nome da justiça: quando sua liberdade é chamada a escolher, ele não se vale da Lei Mosaica, à qual poderia legitimamente ter apelado, mas decide agir com amor e confiança para com Maria, mesmo que ele ainda não entenda completamente o evento que o envolve. Só depois desta decisão o mistério é esclarecido e nomeado:
“José, filho de Davi, não tenha medo de tomar Maria como sua esposa” (MT 1:20).
Tomando Maria como esposa, Joseph não realiza um ato privado: ele assume uma responsabilidade pública e jurídica, reconhecendo como seu o filho que Maria traz no ventre. É este ato — e não um sentimento interior — que introduz Jesus na história concreta de Israel. Através de José, o Filho entra legalmente na linhagem de Davi, como atestado pela genealogia mateana que precede imediatamente a narrativa da infância.
A paternidade de Joseph não é biológica; por isso mesmo não é simbólico nem secundário, mas real no sentido mais estrito do termo. É jurídico, paternidade histórica e social. É José quem dá o nome ao Menino, e justamente ao impor o nome ele exerce sua autoridade de pai. A ordem do anjo é explícita: “Você lhe dará o nome de Jesus” (MT 1:21). No mundo bíblico, impor um nome não é um ato meramente formal, mas a assunção de uma responsabilidade permanente. Através deste gesto, José torna-se o fiador da identidade e da localização histórica do Filho.
Sem ele, a Encarnação permaneceria um evento suspenso, sem enraizamento jurídico. Em vez de, pela sua fé e pela sua justiça, a Palavra entra não apenas na carne, mas na lei, em genealogia, na história concreta de um povo. Isto é o que faz do Natal um evento verdadeiramente encarnado, não uma mera sucessão de imagens edificantes, com anjos cantando, um boi e um burro reduzidos a dispositivos de aquecimento cênicos, e pastores apressando-se alegremente para o local.
Tudo isso torna teologicamente bem fundamentado afirmar que Joseph - há muito colocado em prudente, e talvez até injusto, obscuridade — é a figura através da qual o mistério do Natal assume consistência histórica e jurídica. É por meio dele que o Verbo de Deus encarnado entra na Lei, não estar sujeito a isso, mas para trazê-lo à realização. Não é por acaso que mais de trinta anos depois, durante Seu ministério público, Jesus declara com absoluta clareza:
“Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; Não vim para aboli-los, mas para cumpri-los” (MT 5:17).
Quando Ele então proclamar que este cumprimento é Ele mesmo, e que — como dirá o apóstolo Paulo — nele está o desígnio de «resumir todas as coisas em Cristo, coisas no céu e coisas na terra” (Eph 1:10) é realizado, a sombra da Cruz já começará a aparecer, enquanto eles tentam apedrejá-lo: “Porque você, sendo um homem, torne-se Deus” (Jn 10:33). A sombra da Cruz ficará ainda mais definida no gesto do Sumo Sacerdote que rasga as vestes ao ouvi-lo proclamar-se Filho de Deus (cf. MT 26:65), uma representação vívida do fato de que o cumprimento da Lei agora passa pela rejeição e pelo sacrifício.
A Palavra de Deus encarna-se através do sim de Maria, mas este sim é historicamente guardado e protegido por Joseph, aquele que protegeu e guardou, junto com sua esposa, o Filho unigênito de Deus. Não em um sentido simbólico ou devocional, mas no sentido concreto e real da história: protegendo Maria, ele protegeu o Filho; protegendo o Filho, ele guardou o próprio mistério do Natal:
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jn 1:14).
E tudo isso sem isso já passou pela cabeça de qualquer teólogo movido por sonhos, pietista ou fideísta - aqueles, para ser claro, que batem os pés por uma “Maria co-redentora” - para reivindicar também para o Santíssimo Patriarca José o título de co-redentor, igualmente devido e merecido, se alguém realmente desejasse jogar o jogo da fantasia-dogmática até o fim, depois de ter perdido completamente a bússola diária, tanto o antigo como o novo.
Da ilha de Patmos, 24 dezembro 2025
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O NATAL DE JOSÉ, SÓ HOMEM. E POR QUE NÃO “CO-RESDENTOR”?
A partir daqui temos que começar de novo: do mistério do Verbo que se fez carne, animado por aquela centelha que levou primeiro Santo Agostinho e depois Santo Anselmo de Aosta a dizer, com palavras diferentes, mas com a mesma substância: «Acredito compreender, "Eu entendo para acreditar". Só então compreenderemos verdadeiramente o significado da frase decisiva: “E o Verbo se fez carne”, e, portanto, por que Jesus, na verdade, nunca nasceu.
— Notícias eclesiásticas —

Autor
Ariel S. Levi di Gualdo.
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No palco de Natal o cenário fica lotado. Há Maria, que a piedade cristã coloca no centro, ao lado do Menino; há os anjos que cantam e os pastores que vêm rapidamente. Algum roteirista decidiu até introduzir dois sistemas rudimentares de aquecimento ecológico no cenário - um boi e um burro -, representados pela iconografia como criaturas mais fiéis que os homens, o que talvez eles realmente fossem. Evidentemente, É um roteiro – para usar uma expressão tirada da linguagem teatral clássica – muito vagamente inspirado nos Evangelhos canônicos., em que, no entanto, não há vestígios dessas presenças animais; no máximo eles podem ser encontrados em alguns evangelhos apócrifos, começando com o do Pseudo-Mateus.
Por isso, os diferentes roteiristas e figurinistas trouxeram para o primeiro plano no palco do Aniversário absolutamente tudo, exceto aquele sem quem, histórica e concretamente, O Natal nunca teria acontecido: José.
Na devoção popular, José é frequentemente reduzido a uma presença marginal, casos decorativos. Transformado em imagens piedosas em um velho cansado, tranquilizador e inofensivo, como se a sua função não fosse perturbar o mistério, de não ter peso, realmente não estou contando. mas esta imagem, construída para salvaguardar uma verdade de fé — a virgindade de Maria —, acabou obscurecendo outro, igualmente fundamental: sua verdadeira responsabilidade, concreto e dramático no caso da Encarnação.
O Evangelho de Mateus apresenta-o com uma qualificação sóbria e juridicamente densa:
«José, o marido dela, que era justo e eu não queria denunciá-la, "ele decidiu repudiá-la secretamente." (MT 1,19).
Não há insistência em qualidades morais genéricas ou atitudes internas. A categoria decisiva é a justiça. e justiça, na história do evangelho, Não é um impulso emocional, mas um critério operacional que se traduz numa decisão concreta.
Ao saber da gravidez de María, Você se depara com uma situação que não entende, mas que precisamente por esta razão ele não pode evitar e que, pelo contrário, deve enfrentar com sabedoria lúcida. A lei teria oferecido uma solução clara, publicamente reconhecido e socialmente honrado: o repúdio. Era uma possibilidade prevista pelo ordenamento jurídico da época e não implicaria qualquer culpa formal. (cf. Dt 24,1-4). Porém, José não aceita, porque a sua justiça não se esgota na observância literal da norma, mas é medido na proteção da pessoa.
A decisão de demitir secretamente María Não é um gesto sentimental nem uma solução de conveniência. É um ato deliberado que envolve um custo pessoal preciso: exposição a suspeitas e perda de reputação. José aceita este risco porque a sua justiça não está orientada para o que se costuma chamar de defesa da honra pessoal., mas para salvaguardar a vida e a dignidade das mulheres. Nesse sentido, não duvida de Maria. O texto evangélico não revela qualquer suspeita moral em relação à jovem esposa (cf. MT 1,18-19). O problema não é a confiança, mas a compreensão de um evento que vai além das categorias disponíveis. Isso coloca José em uma condição de verdadeira confusão, totalmente humano, o que, no entanto, não se traduz em qualquer dúvida sobre Maria.
É de fundamental importância observe que esta decisão precede o sonho, em que o anjo do Senhor revela a José a origem divina da maternidade de Maria e o convida a acolhê-la como sua esposa, confiando-lhe a tarefa de impor o nome à Criança (cf. MT 1,20-21). A intervenção do anjo não orienta a decisão de José, mas antes assume e confirma isso. A revelação não substitui o julgamento humano nem o anula: está enxertado nele. Deus fala com José para não tirá-lo do risco, mas porque o risco já foi aceito em nome da justiça: quando sua liberdade é chamada a escolher, não aproveita a Lei Mosaica, à qual poderia ter sido legitimamente apelado, mas decide agir com amor e confiança para com Maria, mesmo sem entender completamente o evento que o envolve. Só depois desta decisão o mistério é esclarecido e nomeado:
«José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria, sua esposa" (MT 1,20).
Ao acolher Maria como sua esposa, José não realiza ato privado: assume responsabilidade pública e legal, reconhecendo como seu o filho que Maria traz no ventre. É este gesto — e não um sentimento interno — que introduz Jesus na história concreta de Israel.. Através de José, o Filho entra legalmente nos descendentes de Davi, como atestado pela genealogia mateana que precede imediatamente a história da infância.
A paternidade de José não é biológica; precisamente por isso não é simbólico nem secundário, mas real no sentido mais estrito do termo. É uma paternidade legal, histórico e social. É José quem dá o nome à Criança, e é precisamente impondo o nome que ele exerce o seu poder parental. A ordem do anjo é explícita: "Você lhe dará o nome de Jesus" (MT 1,21). No mundo bíblico, impor o nome não é um ato meramente formal, mas a assunção de uma responsabilidade permanente. Com este gesto, José torna-se fiador da identidade e localização histórica do Filho.
sem ele, a encarnação permaneceria como um evento suspenso, sem raízes legais. Em vez de, pela sua fé e pela sua justiça, a Palavra entra não apenas na carne, mas também na lei, em genealogia, na história concreta de uma cidade. Isto é o que faz do Natal um evento verdadeiramente encarnado., e não uma simples sucessão de imagens edificantes, com anjos que cantam, um boi e um burro reduzidos a aquecedores de palco e pastores que vêm exultantes.
Tudo isso nos permite afirmar com fundamento teológico que José, o homem por muito tempo colocado em uma melancolia prudente - e talvez também injusta, É a figura através da qual o mistério do Natal adquire consistência histórica e jurídica.. É por meio dele que o Verbo de Deus encarnado entra na Lei, não se submeter a isso, mas para cumpri-lo. Não é por acaso que, mais de trinta anos depois, durante sua pregação, Jesus afirma com palavras de absoluta clareza:
«Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; Eu não vim para abolir, mas para cumprir" (MT 5,17).
Quando ele irá anunciar que este cumprimento é Ele mesmo e que - como dirá o Apóstolo Paulo - Nele se realiza o plano de “recapitular todas as coisas em Cristo”., os do céu e os da terra" (Ef 1,10), a sombra da cruz começará a ser vista, enquanto eles tentarão apedrejá-lo: "Porque você, sendo um homem, você se torna Deus" (Jn 10,33). A sombra da cruz aparecerá ainda mais definida no gesto do Sumo Sacerdote que rasga as vestes ao ouvi-lo proclamar-se Filho de Deus. (cf. MT 26,65), representação plástica de que o cumprimento da Lei já envolve rejeição e sacrifício.
A Palavra de Deus se encarna através Sim de Maria, mas isso Sim É historicamente guardado e protegido por José, aquele que protegeu e guardou, com sua esposa, ao Filho unigênito de Deus. Não em um sentido simbólico ou devocional, mas no sentido concreto e real da história: protegendo Maria, protegeu o filho; protegendo o filho, guardou o próprio mistério do Natal:
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jn 1,14).
E tudo isso sem nenhum sonho teólogo, a nenhum pietista nem a nenhum fideísta - o mesmo, entender um ao outro, que batem os pés exigindo uma “Co-redentora Maria” – já lhes ocorreu reivindicar também o título de co-redentora do Santíssimo Patriarca José?, igualmente devido e merecido, Se você realmente quisesse jogar fanta-dogmática até o fim, depois de ter perdido completamente a bússola diária, o velho e o novo.
Da Ilha de Patmos, 24 dezembro 2025
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